Estou numa reunião com 7 gerentes de uma grande empresa de varejo. É nossa primeira sessão de coaching em grupo, onde vamos aproveitar para nos conhecermos e dar início aos atendimentos individuais à partir dali.
A conversa flui tranquilamente, as pessoas são gentis, fazem muitas perguntas, interagimos muito. Menos uma gerente, que durante toda a conversa mantém uma expressão séria, fechada e nada fala. A sessão deveria ser de apenas meia hora, mas acaba se estendendo como previsto. Quando cogitamos encerrar e o mediador pergunta se alguém tem mais alguma dúvida, a gerente que estava quieta até aquele momento, ainda com a cara fechada manda essa: "Eu quero saber o seguinte: nós tivemos outro coach esse ano e ele passou pra fazer roda da vida e mais um monte de outras coisas, você vai passar isso também?"
Eu achei a pergunta maravilhosa, muito oportuna e também uma confirmação: gestores já tem trabalho demais! Precisam preencher relatórios diversos, planilhas, cronogramas, alimentar sistemas, além de cuidar de clientes e da equipe, ver se o trabalho é feito e como estão as pessoas que precisam entregar o trabalho. É muita coisa realmente para de repente, aparecer um cara que diz que veio pra ajudar e acaba dando mais coisas pra eles fazerem. Ninguém quer isso!
Nem eu! Eu sei o quanto é trabalhoso tudo que envolve gerenciar um projeto, um negócio, uma equipe! E as pessoas que eu atendo são competentes, talentosas e cheias de técnicas e metodologias, muitas delas altamente graduadas ou então com uma vasta experiência em seus negócios. Eu atendo pessoas que estão no mercado há muito tempo, que cuidam de suas empresas há décadas! E não é com mais trabalho que eu vou ajudá-las e disso eu sei bem!
O que eu respondi para aquela gestora é o que eu respondo pra você agora: dá pra melhorar sem ter tempo! Eu sei que essa é a angústia que todo líder vive! Precisa sempre melhorar, mas tem sempre tanto por fazer! Como seria possível isso?
E a verdade é que, a meu ver, a mudança não é nos processos e forma de trabalho. É na cultura, no comportamento, na educação. Na forma de rever e repensar como se lida com as pessoas. Muitos líderes são demitidos por não terem dado conta do trabalho, mas não tem a ver com sua capacidade: tem a ver com o quanto conseguiram fazer sua equipe dar conta do trabalho, dentro dos parâmetros da competitividade.
Por isso, na minha forma de trabalho, foco muito mais em acolher esse líder, que passa por um momento difícil, de alta cobrança, alta pressão, resultados que não deslancham, equipe com baixo comprometimento e baixa competitividade, não conseguindo bater as metas que deseja, sentindo uma frustração e inquietação por saber que é competente, mas que não consegue nesse momento resolver isso. À partir disso, conversar, entender o que ocorre e ajudar a mudar o comportamento, à partir da forma de compreender as situações e entender o que pode ser feito no dia a dia, sem um esforço maior, simplesmente por mudar pequenas coisas que já estão lá, mas que darão um impacto gigantesco no resultado final.
É à partir disso que gosto de trabalhar e ajudar as pessoas. Com mudanças profundas, de curto, médio e longo prazo. Não com mudanças que fiquem só nos papéis de algum formulário, mas que entrem na alma de cada líder com quem trabalho. E eu sei, que à partir disso, todo o resto muda. As vidas das pessoas que trabalham com esse líder muda. A empresa muda. O mundo muda pra melhor!
É possível sim melhorar com o tempo que se tem. Mas é preciso principalmente de acolhimento, acompanhamento e orientação para isso. A construção de uma versão melhor de você mesmo parte da sua vontade de melhorar e da sua disposição em receber ajuda e colocá-la em prática, no seu cotidiano, sem mudar onde está, mas mudando quem você é.
Um grande abraço,
Paulo Bomfim
Olá Paulo Bomfim tudo bem?