Se você achou chocante a mistura desse título com esse carinha aí da foto, parabéns! Você sacou que não, como esse cara está fazendo não é a melhor forma de demitir alguém!
Quando eu penso na necessidade de demissão, penso no que Sun Tzu disse em A Arte da Guerra sobre a guerra em si: a guerra deve ser a última opção! Da mesma forma, demitir uma pessoa deve ser a última opção. E vou explicar alguns pontos importantíssimos a serem considerados antes de você levar uma demissão a cabo.
Por favor, por mais que você tenha acessado esse post porque já se decidiu que demitir é inevitável, confira esse check list que sempre peço para meus alunos de mentoria, assim como meus clientes de coaching fazerem, antes de demitirem uma pessoa.
A grande razão de se fazer essa verificação é que, se você ainda não percebeu, demitir é caro. Aliás, demitir é muito caro! No sentido financeiro, social, estratégico e comportamental da coisa!
Quando você demite alguém, precisa arcar com uma série de custos, como pagar férias vencidas, proporcional de férias, 13º proporcional, salário proporcional e multa de 40% do valor do FGTS, fora mais um valor caso não queira que a pessoa cumpra aviso prévio. Existirá além destas despesas, as despesas na contabilidade com o desligamento do colaborador e mais alguns eventuais que possam surgir, com sindicatos, etc.
Se a vaga da pessoa que você demitiu ficou aberta, você terá que fazer um processo de contratação, que pode levar um tempo para fechar, além do tempo para entrevistar e contratar a pessoa, que passará por um tempo de adaptação antes que possa começar a render o que se espera. Tudo isso impacta nos trabalhos em andamento, levando a perda de produtividade, de qualidade, gera atrasos e cria insatisfação do cliente.
Para a equipe, se você costuma demitir sem muitas explicações ou com motivos não muito justos, isso pode aumentar a tensão e piorar o clima organizacional, que gera uma queda na produtividade, satisfação dos colaboradores, aumenta o nível de estresse e desconfiança e, à partir disso, problemas começam a acontecer com um pouco mais de frequência.
Por isso, quero que você faça comigo um check list dos itens fundamentais para conferir se a demissão precisa ou não ter andamento e se há algo a mais que possa ser feito, antes de avançar.
Quando se trata de uma demissão por justa causa: no caso de roubo ou alguma outra ilegalidade que um colaborador tenha cometido, eu sempre aconselho que um advogado seja consultado, pois as delicadezas do procedimento podem comprometer os líderes e gerar processos que prejudicam a empresa.
No caso da demissão estar acontecendo por insatisfação quanto ao desempenho do colaborador, eu gosto de usar esse check list para confirmar se você fez o que podia para ajudar essa pessoa a melhorar. Sim, eu disse se você fez o que podia! Veja, não tem outra forma de liderar que não seja cuidando das pessoas que trabalham contigo! Se você demitir todo mundo o tempo todo, vai quebrar. E se parar de passar trabalho pra quem está tendo dificuldades, vai ficar sobrecarregado! Então é melhor assumir a responsabilidade, já que você é líder dessa equipe, e fazer a sua parte.
Sempre que alguém da sua equipe não estiver desempenhando bem, ela precisa passar por um ou mais desses quatro passos:
1) Treinar - se a dificuldade da pessoa for técnica, por não saber operar uma máquina ou ferramenta, ou executar um serviço ou processo, é importante abordar a dificuldade, compreendê-la e treinar essa pessoa, seja você ou alguém da equipe, de forma que ela tenha tempo de assimilar o aprendizado, praticar e então começar a trabalhar só ou pelo menos, com menos supervisão;
2) Educar - essa necessidade surge quando o comportamento do colaborador não está adequado ao ambiente que está inserido. Muitas pessoas novas ou mesmo antigas de casa, têm dificuldades em se adequar à cultura organizacional, seja ela implícita ou explícita. Há manias, vícios, jeitos e formas como elas se relacionam, se comunicam verbal e não verbalmente. E isso pode destoar do meio, sendo necessário conversar, dar um feedback, orientar e acompanhar a pessoa no que se espera dela;
3) Transferir - se houver a possibilidade, encontrar um novo setor ou área, que se possa receber alguém com o perfil desse colaborador. Quando a pessoa tem talento, tem disposição e boa índole, demonstra ser alguém com integridade, de confiança, mas não consegue se adequar ao setor, à equipe ou mesmo ao trabalho que está fazendo, você pode, havendo oportunidade, realocá-la em outra área que esteja mais de acordo com o que essa pessoa tem a oferecer;
Se você já fez esse check list, se já treinou, educou e transferiu, mas mesmo assim a pessoa continua dando muitos problemas, é hora de:
4) Liberar - sim, liberar a pessoa! Para que ela possa ser feliz em outro lugar, ou buscar algo que seja mais compatível com seu perfil, suas competências e características! Todo mundo serve para algo, às vezes quando contratamos alguém, temos a impressão que ela poderá ficar, que vai se adaptar. Mas quando isso não acontece, muitos líderes insistem demasiadamente, ficando irritados com sua frustração e com o fato que não conseguem admitir: eles contrataram alguém que não serve para a função que tem à frente. Por isso, antes de ficar com raiva, antes de perder a calma e levar para o lado pessoal, libere a pessoa. Agradeça o tempo que passaram juntos e deseje boa sorte.
Nós precisamos entender que podemos ter amigos e parentes que gostaríamos que trabalhassem conosco. Ou então que um certo profissional, que achamos interessante, e que parece ter o que precisamos para tocar esse ou aquele projeto, cuidar de uma certa área ou então desempenhar um trabalho que realmente é necessário, precisa ficar até dar certo.
Mas não, não é assim que é a vida. Você precisa criar uma equipe que acredite no seu propósito. Que se identifique com o trabalho, com a rotina, com as pessoas, a cultura, o clima que vocês costumam viver. Trabalho e convívio, essas são as bases que as pessoas precisam se identificar. E quando não estão de acordo, sem ter raiva, mágoa, ressentimento, libere.
Essa é a melhor forma de demitir alguém: do jeito que todos sintam que foi a melhor coisa a ser feita. E que todos vão se beneficiar disso.
Um grande abraço,
Paulo Bomfim
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